As disfunções reprodutivas são uma das principais causas de descartes de porcas. Essas disfunções podem afetar suínosindividuos, mas também podem ser um problema da granja. Qualquer região do aparelho reprodutor das suínosporcas pode estar envolvida, sendo que o útero e os ovários são os órgãos que costumam ser afetados com mais frequência. Já sabemos que vários micro-organismos e toxinas podem causar problema reprodutores nas porcas. Embora esses problemas sejam considerados multifatoriais, o reconhecimento de patologias genitais é fundamental como o primeiro passo para se diagnosticar disfunções reprodutivas.

As micotoxinas afetam a reprodução das porcas 

As micotoxinas são produzidas e excretadas por fungos que crescem em grãos, como o milho, o trigo, o sorgo, entre outros. Elas podem se formar antes da colheita, durante o armazenamento ou, pior, na alimentação. O problema mais grave é a intoxicação, o que pode ocorrer aos poucos, quando os suínosanimais ingerem pequenas quantias de toxina, mas durante um período prolongado de tempo. Elas afetam a saúde dos animais, o que pode se manifestar pela redução do seu índice de crescimento e da sua eficiência de produção e reprodução.

Duas micotoxinas são conhecidas por afetarem o sistema reprodutor: a zearalenona e a ergot. A zearalenona (ZEA) é produzida pela espécie Fusarium. A ZEA e seus metabólitos, α e β-zearalenol são microestrogênios que interferem com a sinalização de estrogênio. Os suínossuinos são a espécie animal mais sensível à zearalenona (Hagler et al., 2001). suínosNas porcas, o α-zearalenol é produzido em grandes quantidades, aumentando a atividade uterotrófica.

As micotoxinas como a zearalenona podem ser consideradas como assassinas silenciosas de lucro

Efeitos clínicos e patológicos 

Porcas

O exame das lesões na forma macroscópica pode ajudar na detecção de qualquer possível intoxicação com micotoxinas, como a zearalenona. A zearalenona é estrogênica e se concentra no sistema urogenital. O hiperestrogenismo em porcas pode se manifestar pelo inchaço da vulva (Fig. 1) e pelo aumento das glândulas mamárias, em especial em marrãs. A concentração dietética de 1 ppm de zearalenona ou mais pode gerar hiperestrogenismo em suínos (Kurtz e Mirocha, 1978). A zearalenona vem sendo associada com a feminização de suínos machos jovens, incluindo em atrofia testicular, prepúcio inchado e aumento das glândulas mamárias (ginecomastia) (Fig. 2). Em casos graves, é possível observar prolapso retal e vaginal (Fig. 3). Outros efeitos relacionados com altas concentrações incluem anestro, ninfomania e pseudogravidez. Relatou-se que altas concentrações de zearalenona (50 a 100 ppm) na dieta de porcas afetam o ciclo, a concepção, a ovulação e a implantação de modo adverso. A membrana da placenta e o desenvolvimento do feto também podem ser prejudicados, resultando em ninhadas menores e na viabilidade reduzida de neonatais (Chang et al., 1979; Miller et al., 1973; Sundloff e Strickland 1986). A zearalenona causa morte embrionária, aborto (Fig. 4), inibição do desenvolvimento do feto e em números menores de fetos presentes em porcas expostas.

Leitões 

Os leitões de porcas que receberam zearalenona podem ter o aumento dos genitais externos e úteros. A zearalenona e seus metabólitos, α e β-zearalenol, estão presentes no leite de porcas exportas e podem contribuir para o surgimento de efeitos estrogênicos nos leitões (Palyusik et al., 1980; Dacasto et al., 1995) (Fig. 5). Relatou-se um aumento da incidência de pernas afastadas e de leitões tremendo (Fig. 6). Lesões de hiperestrogenismo incluem o aumento do ovário e do útero (hidrometra) (Fig. 7), cistos no ovário, proliferação glandular do endométrio e proliferação epitelial na vagina (Vanyi et al., 1994).

Conclusões 

As micotoxinas podem afetar grandemente a reprodução das porcas. É importante considerar a presença de micotoxinas quando não for observada resposta a qualquer tratamento no caso de problemas reprodutivos em suínos. O uso de um adsorvente de micotoxina eficaz (Linha Toxfree) com proteção in vivo comprovada dos órgãos-alvos é recomendado para proteger os animais dos efeitos negativos das micotoxinas. A patologia oferece uma ferramenta valiosa para o diagnóstico diferencial e para a avaliação da eficácia de qualquer adsorvente de micotoxina usado.

Especialista Agrimprove

Margarita Trujano
Micotoxinas Especializadas